Não há uma teoria única que dê conta de responder todas as nossas dúvidas e inquietações.
Vivemos atualmente num período de perplexidades e incertezas, um tempo de crises de concepções e paradigmas. Precisamos lançar os nossos olhares sobre as várias teorias que permeiam a nossa vida e conduzem a nossa prática para arriscarmos novas propostas. Este novo olhar surge como um desafio necessário para entendermos no campo das idéias aquilo que a prática apresenta e representa.
Para isto, precisamos romper como paradigma mecanicista e buscar uma educação que perceba o homem em sua totalidade. Esta visão holística de homem carece de uma prática que reflita sobre os fatores que fortalecem o descaso pelo qual o sistema educacional enfrenta.
É necessário conhecer para criticar; interferir para modificar. Assim estamos nós, psicopedagogos, buscando trilhas que tornem a nossa práxis coerente.
Romper com o pensamento fragmentado, de simples retenção, reducionista e linear é um dos primeiros passos para a tranformação. Os psicopedagogos que estão neste caminho de rupturas irão buscar em várias fontes uma nova água que regue a sua prática dentro da instituição ou dentro das clínicas onde atuam. Busca-se então a aprendizagem como processo, como o vir a ser e não como algo pronto para ser engolido por nossos alunos, sem a crítica de que tais conteúdos possam ou não ser digeridos. Caímos num equívoco maior: rotulamos e carimbamos o bom e o mal aluno de acordo com o nosso juízo de valores.
Não há uma teoria única que dê conta de responder todas as nossas dúvidas e inquietações. Mas quando buscamos novas teorizações, novas definições, novas práticas, estamos tentando perceber o sujeito e o processo de ensino-aprendizagem de maneira diferente. E que isto possa ser feito através de uma análise histórica da escola e principalmente do homem.
O ponto nevrálgico da questão pedagógica foi muitas vezes atribuída ao psicológico. Assim as dificuldades de aprendizagem passaram a ser investigadas com ênfase no aluno. Hoje sabemos que tal dificuldade decorre de uma série de fatores que merecem uma análise de/em conjunto. As dificuldades de aprendizagem aqui concebidas valorizam o erro significativo; uma avaliaçao diagnóstica e contínua e acima de tudo investigar o que o aluno já sabe ao adentrar em um determinado conteúdo escolar.
Cremos numa aprendizagem significativa que provoque mudanças e amplie o potencial do aluno.
Numa abordagem sócio-interacionista teremos que considerar que aprendizagem ocorre frente a fatores extínsecos e intrísecos ao homem, pois será tentando apreender o ser humano em sua totalidade que uma educação se tornará verdadeira. Isto implica numa aprenzigem para a vida, mas que considere o momento presente Também é fundamental que o educador resgate o autococeito positivo do aluno, assim, a criança encontrará motivação, satisfação e confiança para lidar com novas situações com as quais defrontará.
Ainda é muito comum em nossas escolas separar o normal e o patológico antes de ouvir o aluno. Encaminha-se demais para os especialistas. Muitas vezes a presença do psicopedagogo na instituição já é suficiente para elaborar uma triagem daquilo que é caracterizado como problema ou distúrbio ou apenas um pouco mais de atenção aquele aluno que chega na escola com uma bagagem emocional e cultural que só teremos terreno se pararmos para ouví-lo.
Poderemos nos indagar: qual a distância existente entre a escola que temos e escola que queremos? Temos pois, que perceber a escola enquanto campo de lutas contra a hegemonia de pequenos grupos.
A escola que temos precisa de um novo sentido, precisa de um novo significado e de educadores e alunos que pensem e executem projetos de transformação (da micro para a macro estrutura).
A escola que queremos deve atender com responsabilidade aos apelos qualitativos aos quais é conclamada. Deve privilegiar valores como a liberdade, a igualdade de direitos, a ética e a humanização do ser.
Uma prática emancipatória deverá coadunar a diversidade de fatores e comportamentos que nos farão perceber que educação e sociedade andam de mãos dadas. A primeira sempre atendendo aos interesses da última e a ultima ditando regras para serem efetivadas no campo curricular.
Platão já adiantava que uma sociedade organizada e dirigida pelos sábios é passível de ser corrompida pela mesma força da sabedoria dos governantes. Pensando assim, a escola do século XXI ainda pratica o poder para legitimar sua autoridade. Por isto as rupturas paradigmáticas são importantes. Temos que sempre buscar o novo sem esquecermos das contribuições passadas. Só se constrói a História com os olhos voltados para o passado, pensando no futuro e construindo no momento presente.
Aos psicopedagogos cabe buscar nas várias teorias aquilo que sustenterá a sua nova prática. Ousar: este é o nosso verbo de ação.
Warlen Fernandes Soares Maques - Pedagoga, especializada em Psicopedagogia
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