Segundo a ONU, estima-se em 10% da população de qualquer país o contigente de pessoas portadoras de deficiência. Ainda de acordo com a ONU, esses 10% podem ser divididos por tipo de deficiência da seguinte forma.
Pessoas com deficiência mental. 5,0%
Pessoas com deficiência física. 2,0%
Pessoas com deficiência auditiva. 1,5%
Pessoas com deficiência auditiva. 1,5%
Pessoas com deficiência visual. 0,5%
Pessoas com deficiência múltipla. 1,0%
Impedimento, deficiência e incapacidade:
Impedimento: Qualquer perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica.
Deficiência: Qualquer restrição ou falta da capacidade de desempenhar uma atividade de uma forma ou com variação, considerando normal para um ser humano.
Incapacidade: Desvantagem para uma determinada pessoa, resultante de um impedimento ou deficiência, que limita ou impede o desempenho de um papel considerado normal para essa pessoa, dependendo de idade, sexo e fatores sociais e culturais.Fatores que interferem no ensino-aprendizagem do deficiente físico.
1) Fatores emocionais:
A deficiência física não é a única dentre as deficiências que acarretam problemas emocionais como a agressividade, irritabilidade, desatenção e falta de interesse, que repercutem diretamente no convívio social, em atitudes de preconceitos e rejeição que certamente interfirão no processo ensino-aprendizagem.
Cabe ao professor a habilidade de considerar as necessidades de cada criança com deficiência física, procurando dar o atendimento devido, sem superprotege-la, por meio de um trabalho que desenvolva sua auto-imagem positiva, valorizando-a em seu potencial, tornando-a uma cidadã atuante.
2) Fatores intelectuais:
É sempre oportuno lembrar que uma incapacidade física não indica necessariamente, um comprometimento mental. Muitos são levados a assim pensar em virtude de, em alguns casos, a lesão provocar um grau de comprometimento no qual a criança apresenta um aspecto de deficiência mental. Em, outros casos , a deficiência mental aparente é devido a falta de oportunidade para o desenvolvimento intelectual. Não são raros os casos de deficientes físicos portadores de uma deficiência mental associada.
Cabe ao professor procurar identificar as necessidades reais do aluno, para procurar atende-las facilitando a execução das tarefas.
Para a criança com comprometimento fisico-motor mas mental preservado, a aprendizagem deverá estar voltada para as capacidades intelectuais do que suas habilidades motoras.
3) Fatores Sensório-Perceptivos:
As deficiências causadas por lesões do Sistema Nervoso Central, podem causar alterações sensoriais perceptivas na pessoa com deficiência física.
Dentre as alterações:
Visuais: Estrabismo e nistagmo: podendo impedir ou distorcer seriamente a recepção visual.
Auditivas: encontram-se com menor freqüência, poderá ocorrer dificuldades para ouvir certos sons e reproduzir ritmos..
Fala: Poderá ser pela perda de experiência anteriores, sejam por incoordenação dos órgãos fono articulatórios traduzem-se pela impossibilidade de transmitir o pensamento e a vontade.
Tátil: Perda ou diminuição tátil dolorosa ou térmica, reconhecimento de texturas e de formas, são as mais freqüentes encontradas nos deficientes físicos, que podem ser notadas especialmente no membro afetado, impedindo seriamente o seu uso funcional.
Alguns cuidados deverá ser feito para a escolha do material para o deficiente físico, para garantir a sua plena participação no processo:
a) resistência:
O material deverá ser o mais resistente possível, permitindo o manejo espontâneo, pois as freqüentes quebras frustam a criança.
- objetos de madeira: pela sua apresentação quanto a forma, tamanho e fácil manuseio.
- Borracha e plástico: apresentados de formas variada, laváveis, práticos e leves.
- Plásticos adesivos: Indicados para crianças que não apresentam controle facial pois podem ser limpos facilmentes.
- Tecidos e espumas: além de resistentes, são fáceis de conservar, e facilitam o manuseio.
b) Tamanho e peso:
O tamanho e o peso é uma característica muito importante a se levar em conta quando se trabalha com a criança deficiente física devido a ser uma medida diretamente proporcional ao tamanho da força .
c)Quantidade: Recomenda-se o manuseio de um número menor de objetos conforme a atividade estabelecida. Desta forma, mesmo um material pedagógico de muitas peças, poderá ser muito bem utilizado se colocado dentro de uma caixa baixa, ou na mesa se houver um anteparo que facilite o manuseio e evite a queda dos objetos.
d) Forma e mobilidade: As formas arredondadas oferecem pouca estabilidade, e torna-se difícil para a criança pegar esses objetos, principalmente se apresentam movimento. Uma maneira prática é fixar à mesa os objetos, ou forrar a mesa com um material áspero com espuma, carpete, borracha, etc. Pode também forrar o objeto liso com lixa ou qualquer outro material anti-deslizante. Uma última sugestão é o uso de material imantado, geralmente muito eficaz nos casos de grande incoordenacão motora.
4) Fatores físicos:
No desempenho de atividades escolares, a funcionalidade dos membros superiores tem um papel de grande destaque, representados pela preensão e pela coordenação e efetuação da produção escrita. As causas que mais prejudicam a função dos membros superiores estão relacionadas com as alterações da forca muscular, da ADM, sensibilidade, ausência de parte ou de todo o membro e presença de movimentos involuntários e reações associadas.
Não basta dar função a braços e mãos. É necessário que a postura global seja observada e corrigida, no que diz respeito a cabeça e tronco.
A professora deverá observar durante a realização das atividades certas posturas do aluno:
a) manutenção da postura:
A posturas contra-indicadas poderão agravar os problemas físicos, podendo ser responsáveis, inclusive por deformidades e atitudes viciosas.
b) Adaptações e dificuldades:
A criança desenvolve grande capacidade de adaptar às suas limitações, para se ajustar a situações do momento; entretanto a freqüência desses ajustamentos poderá prejudicar seriamente seu desempenho futuro. É muito comum o deficiente físico ignorar as partes lesadas do seu corpo.
Adaptações curriculares organizativas em sala de aula:
Os materiais utilizados pelas crianças ditas normais, não se diferenciam dos materiais utilizados pelas crianças com deficiência física Cabe a nós professores selecionar e adaptar os materiais mais adequados às necessidades do aluno.
Na sala de aula, as atividades básicas são desenvolvidas com lápis e papel auxiliadas freqüentemente pelo uso de outros materiais escolares, como a borracha, régua etc., que exigem movimentos delicados e preciosos. Sendo necessário pensarmos em adaptações que poderão ser feitas nesse material escolar, para facilitar sua utilização.
No processo de ensino-aprendizagem, o professor que tiver um aluno comprometimento motor mais acentuado, em que os recursos materiais pouco auxiliam, deverá trabalhar mais as capacidades intelectuais do que motora desse aluno.
No caso de dúvidas ou adequações mais específicas, deverá ser consultado um Terapeuta Ocupacional.
PAPEL:
Usar o papel como material básico de tarefas gráficas para o aluno com comprometimento motor, pode envolver considerações importantes que devem ser cuidadosamente analisadas.
Devido a grande dificuldade motora do aluno, as folhas de papel devem se constituir de tamanho e largura maior que o convencional . o espaço entre as pautas devem ser maiores. Outra consideração é a fixação do papel, que poderá ser fixado sobre a carteira com fita crepe ; se ineficiente, poderá impedir a boa realização de qualquer modalidade de escrita.
CADERNOS:
Os cadernos deverão ser confeccionados em tamanhos grandes, com pautas maiores e mais largas. Pode usar prancha com pautas de elástico. Para que os cadernos não escorreguem, encapá-los com espuma bem fina. Para manter as páginas abertas, utiliza-se pregador de roupas. As folhas podem ser costuradas para que não soltem facilmente. Devido a grande pressão exercida pelo aluno ao transcrever no papel, pode ser usado entre as folhas de cima e a folha de baixo um cartão duro , preso por um grampo.
LÁPIS:
Para os alunos que apresentam dificuldades para segurar o lápis, deve utilizar lápis mais grosso (gizão de cera, lápis de engenheiro ou de marceneiro, ou lápis comum engrossado com espuma, cola durepoxi, tubo de plástico, massa de modelagem, argila, gesso, madeira, bambu, tubo de papelão, mangueira de borracha ou plástico), ou qualquer outro material que aumente o diâmetro e facilite a preensão do aluno. Para os alunos que apresentem uma dificuldade maior podem ser utilizadas adaptações como alças feitas com elástico, couro ou alumínio com objetivo de fixar o lápis à mão. Para alunos cujo material tem de ser mais leve é aconselhável o giz e o pincel, ambos exigem menos forca muscular no manuseio, mas uma maior coordenação.
TINTA:
A pintura a dedo é outro recurso importante para alunos que encontram dificuldades em segurar o pincel, pode ser realizado sobre a mesa, em papel, plástico ou papelão, sobre um espelho ou em uma prancha inclinada que permite maior amplitude de movimento.
BORRACHA:
O tamanho da borracha é que dificulta a preensão do aluno. Algumas adaptações podem ser feitas como: borracha fixada na ponta superior do lápis, borracha grande com ou sem protetor plástico; pedaço de bambu ou mangueira onde a borracha é fixada. Para o aluno que possui prensam em pinça, as adaptações podem ser curtas, e o que apresenta prensam palmar; as adaptações devem ser compridas.
RÉGUA:
A utilização da régua exige uma coordenação maior de todos os alunos . Para aqueles com comprometimento motor sugere-se fixação da régua com fita crepe. Para maior estabilidade, coloca-se na base uma tira de papel camurça, lixa ou qualquer outro material aderente. A escala e o prisma triangular, assim como as réguas com cabo facilitam a preensão. Para os alunos com incoordenação motora uma régua imantada com prancha de metal irá auxiliar muito.
APONTADOR:
Ao apontar o lápis o aluno necessita de preensão bimanual e força para segurar o apontador e virar o lápis com uma certa preensão. Buscando dar uma maior independência ao aluno é importante que ele mesmo faça. Para facilitar o manuseio, adapte o apontador com tambor, que pode ser revestido com espuma, facilitando assim a preensão ou apontador pequeno, colado em uma ripa de madeira e o apontador de mesa, ambos dispensam o uso das duas mãos.
COMPASSO:
Para facilitar o uso deste material o pino do mesmo pode ser encaixado em um cabo grosso, fazendo com que toda a mão ou todos os dedos circundem o cabo para realizar o movimento circular. Para a ponteira, coloca-se um pedaco de espuma ou feltro sobre o papel, no lugar onde será introduzida, para aumentar a sua profundidade de fixação.
TESOURA:
O uso da tesoura comum é dificultada para os alunos sinistros (canhotos). Para aqueles com dificuldade na realização do movimento de abrir e fechar é aconselhável o uso da tesoura com aros adicionais em que este movimento será feito ao mesmo tempo pelo aluno e pelo professor. Aos alunos com dificuldades motoras acentuadas, recomenda-se o uso da tesoura a pilha. A tesoura pode ser substituída por um estilete de cabo grosso, uma faca ou uma lamina curta, usada sobre uma placa de couro ou borracha.
MERENDA ESCOLAR:
As adaptações para a alimentação visam facilitar uma maior independência do aluno.
Para fixar os pratos pode-se: colocar ventosas na parte de baixo; usar pranchas vazadas de madeiras, suporte de borracha onde o fundo do prato é encaixado. Os talheres são engrossados utilizando os mesmos procedimentos do lápis. Na utilização de canecas, recomenda-se o uso com tampas e orifício para canudo.
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