sábado, 7 de novembro de 2009

O ALUNO NO APRENDER A APRENDER



E expectativa criada pelos educadores de encontrarem paradigmas, abordagens ou tendências pedagógicas inovadoras nem sempre levam em consideração o sujeito do processo, que é o aluno. Salvaguardando o modismo que, se apresenta na fala dos docentes, mas que muitas vezes, não se reflete na ação pedagógica propriamente dita, atingiu-se um estrangulamento das metodologias reprodutivistas. Usuário do processo pedagógico, o aluno tem sido submetido a adentrar o espaço escolar sem que se estabeleçam oportunidades criativas para a sua formação Para Demo (1994):
"As escolas são lugares de 'decoreba' onde o aluno tangido para a domesticação. Por vezes internaliza coisas, ajunta na cabeça um monte de informações, aprende pedaços de conhecimento, mas não os junta, sistematiza, questiona, reconstrói, porque o próprio professor não sabe fazer isso" (p.100)
0 cerimonial estabelecido em sala de aula, onde o professor ensina e o aluno só aprende, vem sofrendo uma ruptura neste final de século. 0 mundo moderno exige dos sujeitos uma formação que envolvam raciocínio lógico, criatividade, espírito de investigação, diálogo com os autores, construção de textos próprio, capacidade produtiva, e vivência de cidadania plena. Os meios de comunicação, os movimentos populares vem influenciando significativamente os indivíduos a exigirem seus direitos como cidadãos que buscam qualidade de vida. Os alunos que freqüentam o sistema escolar, em todos os graus, convivem com o desencontro do que é proposto na sala de aula e do que é exigido pela sociedade como profissionais.
A recomendação infiltrada no "aprender a aprender" implica saber pensar e "ao mesmo tempo, a capacidade de dominar e renovar informação, e de decidir o que fazer corn ela". A proposição é a união entre saber e mudar. Aprender para transformar. Pesquisar para reconstruir. Enfim, não se restringir a copiar e decorar.
Os estudantes serão exigidos como parceiros na construção do conhecimento, pois a sociedade moderna apresenta o conhecimento como recurso central para o desenvolvimento. Para Druker (1989), a mudança incidirá na posição social e no papel da escola e atingirá o aluno com uma nova visão de escola:
"Embora seja há muito tempo uma instituição fundamental, ela era da sociedade ao invés de estar na sociedade. Ela se preocupava com os jovens, que ainda não eram cidadãos, nem responsáveis, nem estavam na força de trabalho. Na sociedade do conhecimento a escola passa a ser também a instituição dos adultos, em especial dos adultos altamente instruídos. Acima de tudo, na sociedade do conhecimento, a escola passa a ser responsável pelo desempenho e pelos resultados". (p.l5l)
Os indivíduos, portanto, passam a ser alunos num processo intermitente. A escola perde a característica de terminalidade. Por isso, a proposição da metodologia do "aprender a aprender" "torna-se oportuna e aponta caminhos para desestabilizar o ensino retrógrado e tradicional. A manutenção do aluno copiador "confundido a ambiência educativo-emancipatória com mera instrução, domesticação". (Demo, 1991, p.5) que não satisfaz as exigências da sociedade moderna. Os meios informatizados podem assumir perfeitamente o papel de depósito de informações. 0 que se espera para o ano 2000 serão alunos autônomos e criativos.
Os alunos, ao invés de utilizarem o caderno universitário com a prescrição de "receitas", deverão ser freqüentadores assíduos e ativos das bibliotecas, das videotecas, dos laboratórios, dos grupos de estudo, da busca de estratégias criativas de teor tecnológico e científico, do acesso à informática e eletrônica, principalmente, de mecanismos de autonomia para produção própria. Demo (1994) valida esta colocação:
"0 aluno precisa abandonar definitivamente a condição de objeto da aprendizagem. Sua função não é copiar e reproduzir, mas reconstruir, construir sob orientação do professor.
Os alunos sentem-se levados a participar de pesquisas, propostas, experiências, laboratório, gincana, competições, seminários, etc, internalizando na teoria e na prática que o centro do aprender é o aprender a aprender." (p. 87 e 90)
A sociedade do conhecimento exige pessoas que tenham capacidade autônoma de aprender a aprender. Esta premissa torna-se válida quando propõe novas formas de atuar junto aos estudantes em todos os graus de ensino. Não se trata de mais um modismo, mas de exigência da comunidade mundial, pois o desenvolvimento depende da competência tecnológica própria, e a ciência e a tecnologia são fatores determinantes no avanço para modernidade.
A escola não tem o direito de manter os alunos como agentes passivos e reprodutivos de conhecimentos neste momento histórico. Apresentar novas metodologias torna-se ato de criação, de transformação, de investigação, de pesquisa de novos referenciais que dêem suporte ao preparo das gerações ( jovens e adultos ) na busca constante do desenvolvimento.

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